Artigo
A Rua Caldas Júnior
A origem da Rua Caldas Júnior remonta às primeiras décadas após a criação da Freguesia Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre, que ocorreu em 1772. No início do século XIX, Ignácio Manoel Vieira comprou um grande pedaço de terra entre a rua da Praia e a rua do Cotovelo, atual Riachuelo, e a rua do Ouvidor ou da Ladeira, hoje General Câmara e a rua Clara. Nela edificou algumas construções e abriu um atalho entre sua casa e a rua da Praia, local que ficou conhecido como Beco do Inácio Manoel Vieira. Além dele, o lugar também foi chamado de Beco Quebra-Costas, devido a inclinação da viela.
Por volta da década de trinta do XIX, o comerciante chamado Francisco José de Azevedo abriu um negócio de secos e molhados na esquina do beco com a rua da Praia. Por conta de um problema fonológico, o dono do estabelecimento passou a ser conhecido como seu Fanha e a ruela, Beco do Fanha.
Nele também surgiram outras propriedades que mais adiante foram demolidas para dar lugar a uma rua mais alargada que recebeu o nome de travessa Paissandú, com extensão entre a rua Riachuelo até mais adiante da rua da Praia. Essa denominação aconteceu em 1873, quando a Câmara resolveu homenagear a atuação do exército brasileiro na guerra contra o Uruguai (1864-65). Um ano depois, um primeiro trecho da rua foi calçado. Mas foi na administração do primeiro intendente (prefeito) de Porto Alegre, José Montaury, a partir de 1897, que a rua começou a perder as características de beco por meio de um alargamento, em dimensões maiores que aqueles de muitas das ruas centrais, e de construções importantes como: o prédio da Caixa Econômica Federal na esquina com a Rua Sete de Setembro; o Grande Hotel, inaugurado em 1918, que se transformou rapidamente em um ponto de referência na cidade como ponto de encontros de políticos; o edifício Hudson, que 1946 passou a servir à redação do jornal O Correio do Povo; e a sede do jornal A Federação, inaugurado em 1922, no local em que antes esteve o comércio de Francisco. As três últimas passaram a ocupar a esquina da Rua da Praia com a Caldas Júnior. As obras e edificações, desde então, definiriam as mudanças na paisagem onde viveu seu Fanha.
No ano de 1944, durante a administração municipal de Antônio Brochado da Rocha, como comemoração ao cinquentenário do jornal Correio do Povo, que ocorreria no ano seguinte, a denominação da rua foi trocado pela última vez: de Paissandú recebeu o nome de Caldas Júnior, jornalista fundador da Academia Rio-Grandense de Letras e do jornal O Correio do Povo.
Hoje, esta rua que compõe a Esquina da Comunicação inicia na Avenida Mauá e termina na Rua Riachuelo. No local do antigo Grande Hotel, que foi consumido por um incêndio em 1967, foi construído o edifício GBOEX que hoje abriga o shopping Rua da Praia e outras atividades. A sua frente, na Rua dos Andradas, encontra-se o prédio do banco Caixa. Nas esquinas do outro lado da Rua Caldas Júnior, temos a sede do Correio do Povo e da Rádio Guaíba e o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Casta instalado desde a criação, em 1974, prédio da imprensa republicana que foi responsável pela publicação do primeiro jornal do estado sobre o solo do seu Fanha.
Texto escrito por Nôva Brando Marques, Historiadora e Integrante do Núcleo de Acervos do MuseCom.
Referência:
FRANCO, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 2006.
BREVE HISTÓRICO DE GRANDES TRANSFORMAÇÕES
- 1897 a 1924 - Na administração do primeiro prefeito de Porto Alegre, José Montaury, o local perdeu ares de beco e passou a receber grandes prédios, como o da Caixa Econômica Federal; O Grande Hotel, referência de encontros de políticos (1918); A sede do jornal A Federação (1922). A construção das imponentes edificações alterariam para sempre a paisagem do local.
- 1967 - Um incêndio acabou destruindo o Grande Hotel, e no local foi construído o Edifício GBOEX, onde atualmente encontramos o Shopping Rua da Praia.