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Publicado em 16/03/2022, 17:23

A invenção do telefone, por Alexander Graham Bell em 1876, possibilitou a transmissão de mensagens por voz e trouxe mais uma novidade: a possibilidade de comunicação à distância simultânea. Os primeiros telefones não possuíam teclado numérico e eram conectados a centrais telefônicas manuais, operadas por telefonistas, que intermediavam as ligações entre dois usuários

A primeira central telefônica do mundo começou a operar em Connecticut, nos Estados Unidos, em 25 de janeiro de 1878. Os primeiros telefonistas eram homens, mas ao final do ano todos foram substituídos por mulheres, pois os aparelhos telefônicos da época tendiam a acentuar as frequências vocais mais altas. Desse modo, as vozes femininas ficavam mais claras ao telefone, fazendo com que este trabalho  fosse predominantemente feminino. 

A apresentação do telefone na Exposição Centenária na Filadélfia, em 1876, foi recebida com entusiasmo. O imperador do Brasil, Dom Pedro II, foi uma das pessoas presentes nesta exposição.  A tecnologia o impressionou de tal forma que Graham Bell o presenteou com um aparelho produzido por ele próprio. Chegava assim ao Brasil, o nosso primeiro telefone que foi instalado no Rio de Janeiro, no Palácio Imperial de São Cristovão, na Quinta da Boa Vista (atual Museu Nacional do Rio de Janeiro) em 1877. 

Após a chegada do telefone no Brasil, o número de telefones foi crescendo gradativamente. Em 1885, a primeira empresa de serviços telefônicos se instalou no Rio de Janeiro. No advento da República, havia oito estações telefônicas da Companhia Telephonica Industrial, no Rio de Janeiro, para atender seus assinantes. Em 1923, o Brasil já contava com 100 mil linhas. 

No Rio Grande do Sul, o serviço telefônico começou a ser disponibilizado pela União Telephonica do Brazil, em 15 de setembro de 1886, em Porto Alegre. Contudo, até 1895, este serviço sofreu várias interrupções. Foi neste ano que a União Telefônica começou a funcionar no município de Pelotas. Depois, ocupou o prédio do Centro Telefônico de Porto Alegre, localizado na esquina da rua Riachuelo com a rua da Ladeira. 

Em 1907, Juan Ganzo Fernandez fundou a Companhia Telephonica Riograndense. Esta empresa proporcionou um salto tecnológico para as telecomunicações no Estado. Implantaram novas linhas e centrais vindas da Casa Siemens da Alemanha. Em 1912, lançaram a linha de longa distância Porto Alegre - Pelotas, e marcaram a história da telefonia gaúcha.

Apesar da popularidade, já nos anos 1920, havia o temor de que as telefonistas perdessem espaço para as centrais telefônicas automatizadas que dispensavam um operador. Porto Alegre recebeu a primeira central automática do Brasil, em 1922. Depois esta tecnologia foi inaugurada em Rio Grande (1925), em São Paulo (1928), e no Rio de Janeiro (1929). O serviço automático trouxe mudanças e as empresas telefônicas precisaram ensinar uma população acostumada com o atendimento da telefonista a utilizar a discagem direta no telefone.

No acervo do MuseCom está salvaguardado um Guia Telefônico da Companhia Telephonica Riograndense, de 1932.  O guia começa com duas páginas de instruções ao usuário. É possível perceber que se trata de um período de transição, onde havia assinantes com aparelhos manuais e outros com aparelhos de discagem direta. Se o proprietário de um aparelho de discagem direta ligasse para alguém cujo telefone fosse manual ,precisava discar o “Zero” para que a ligação fosse realizada pela telefonista. O “Zero” era também o número para reclamações e informações. Dessa forma, percebemos que, apesar dos avanços tecnológicos, o trabalho da telefonista ainda perdurou por muito tempo.  

Instrução de discagem do Guia Telefônico da Companhia Telephonica Riograndense de 1932. Acervo MuseCom.



 

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Charge da Revista Sino Azul de janeiro de 1928 p.25 do acervo da da Biblioteca Nacional. Disponível aqui.

 

A possibilidade de conversar com alguém distante mudou nossa comunicação. Da mesma forma que a escrita desvinculou a comunicação do corpo e da oralidade, o telefone também trouxe mudanças comunicacionais que ressignificaram nossa  sociabilidade. Durante muito tempo, a comunicação por telefone foi muito restrita e a propriedade de um  aparelho era um símbolo de distinção social. Aos poucos , no entanto, os aparelhos telefônicos foram se popularizando e criaram a primeira rede de comunicação direta  e simultânea da história. 

Referências

 

FERRARETO, Luiz Artur. Os Ganzo, o rádio gaúcho e o telefone no sul do Brasil. Rádionors, Porto Alegre, 2006. Disponível em: http://www.radionors.jor.br/2013/04/os-ganzo-o-radio-gaucho-e-o-telefone-no.html Acesso em 17 de março de 2022

1878; Surge a profissão de telefonista. Terra, 25 de janeiro de 2015. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/1878-surge-a-profissao-de-telefonista,454fbc70fef1b410VgnCLD200000b2bf46d0RCRD.html Acesso em 17 de março de 2022

HISTÓRIA da Telesp. Telesp, São Paulo. Disponível em: https://web.archive.org/web/19980114175021/http://www.telesp.com.br:80/paginas/06_casasua/060103_historia.htm Acesso em 17 de março de 2022

LEITE, Carlos Roberto Saraiva da Costa. Alô! Surge o telefone na Capital Gaúcha... Musecom, Porto Alegre, 07 de setembro de 2020. Disponível em: https://www.musecom.com.br/noticias/24/artigo-alo-surge-o-telefone-na-capital-gaucha Acesso em: 17 de março de 2022

Vídeo de instruções de uso do telefone automático. Disponível em http://memorialcrt.blogspot.com/2014/12/o-telefone-discado.html